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Verzasca – Conhecendo o rio mais famoso da Suíça para mergulho

A Suíça é um país geralmente frio, e apesar de estar entre montanhas, esconde alguns segredos muito bonitos, como Verzasca, com um rio de águas translúcidas, com água gelada, mas com um mergulho bem diferente.

Escondido do outro lado de algumas formidáveis ​​passagens nas montanhas (ainda fechadas em junho deste ano devido à neve) e longos túneis rodoviários fica a parte italiana da Suíça – o cantão de Ticino.

A mudança de um lado das montanhas para o outro pode ser drástica, não apenas do ponto linguístico de ir do alemão ao italiano. Mas também climático, saindo dos 7ºC e neve leve de um lado e 15min depois de carro, passando para os 22ºC e sol do outro.

Era junho, fui conhecer o vale Verzasca, um local de mergulho não muito divulgado, que por sorte, acabei conhecendo através de uma reportagem em uma revista estrangeira, que comentava sobre os mergulhos por lá.

Me dirigi até a pequena vila de Lavertezzo, que seria minha base para os próximo dia de mergulho. Havia planejado essa viagem originalmente para outro mês, mas o mau tempo e problemas com férias do meu filho, me fez com que ela fosse adiada até que a maior parte da neve derretesse.

 

Foto: Clécio Mayrink

 

A beleza do rio que corre pelo vale e esconde alguns riscos, então para aprender a mergulhar com segurança, participei rapidamente de um curso de mergulho em rios e correntes. A primeira lição foi aprender a observar o rio e a corrente. Os perigos do rio estão nas fortes correntes que podem estar presentes nas corredeiras e cachoeiras para as quais elas podem te levar.

Depois de conhecer os dados hidrelétricos atualizados e as condições climáticas, poderíamos nos preparar para nossos primeiros dias de mergulho, então, é mais do que importante, levar em consideração o clima nas montanhas ou no vale. Chuvas mais altas podem facilmente criar condições perigosas montanha abaixo, então esteja informado no momento do planejamento do mergulho.

O primeiro mergulho foi na famosa ponte romana, e depois de levar todo o equipamento para a margem do rio, tiramos um momento para completar um briefing do local e verificar as condições. Uma vez equipados e com a água beirando os gélidos 8ºC, uma roupa seca é recomendado, apesar de ter mergulhador usando roupa semi-seca e conseguir mergulhar, mas posso dizer que é frio com força.

Foi estabelecida uma linha de segurança de travessia do rio em um ponto antes de qualquer corredeira e uma linha guia no leito do rio para que os mergulhadores pudessem retornar ao ponto de entrada e saída. O grupo foi dividido em e nos permitiu ter sempre pessoas disponíveis para ajudar qualquer mergulhador que precisasse usar a corda de segurança.

No local da ponte romana a profundidade alcançava os 6m, e isso varia conforme o volume da água fluindo. É possível olhar para cima através da água para a ponte e ver os turistas na nela, de tão clara que é a água. Depois da ponte, a corrente fica mais forte e, usando nadando em zigue-zague, tentamos aproveitar ao máximo os pontos planos. Depois de muito uso das nadadeiras, retornamos ao ponto de saída, que foi muito menos exigente, pois seguimos a corrente. O mergulho durou cerca de 20 minutos.

O segundo dia descemos mais o rio até a piscina Amsler, que recebeu esse nome em homenagem ao fotógrafo subaquático Kurt Amsler. Durante a noite choveu bastante, a corrente estava mais forte, porém, dentro dos limites de segurança, e novamente os cabos de segurança foram colocados e nos dividimos em dois grupos. A piscina Amsler requer uma escalada até o rio, mas o mergulho é mais longo e há mais área a ser explorada pelo mergulhador, havendo uma pequena cachoeira e corredeiras na outra parte.

Todos os pontos são belíssimos, devido a visibilidade da água, mesmo nesta época do ano, pois fui informado, que acabam surgindo detritos provenientes do derretimento da neve na água.

Há várias operadoras de mergulho no local, mas é altamente recomendável, buscar informações sobre o local e entrar em contato com antecedência com as operadoras, para monitorar as condições de mergulho naquela região. É importante ressaltar, que o mergulho não ocorrer em todos os meses do ano.

 

Foto: Clécio Mayrink

 

Por:
Clecio Mayrink
Editor - Brasil Mergulho

Engenheiro de sistemas nascido no Rio de Janeiro, ingressou no mergulho em apneia em 1983 e autônomo em 1986 pela CMAS, participando da primeira turma da PADI no Rio de Janeiro em 1990. É mergulhador Técnico Trimix, Technical Cave Diver, Advanced Cave Sidemount / No Mount IANTD, possuindo mais de 40 anos de experiência em mergulho, imagens subaquáticas e pesquisador de naufrágios, sendo uma referência no país.

Ex-juiz da AIDA International, foi membro da expedição de mapeamento da caverna na Lagoa Misteriosa em Bonito-MS no ano de 2008, é o idealizador do Brasil Mergulho criado em 1998 (MTB 0081769-SP) e um dos responsáveis pelo tema Mergulho no 1° Atlas dos Esportes do Ministérios dos Esportes no país.

Também atuou na produção de matérias e documentários no Brasil e no exterior, prestando consultoria para mídia em geral, órgãos públicos, entidades militares e internacionais, como a ONU e UNESCO.

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